quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Excelência,o vôo sublime



 

(por Daniel C. Luz, do livro Insight - volume 1, de Daniel Carvalho Luz)

 

 

 

“...é gosto pervertido satisfazer-se com a mediocridade quando o ótimo está ao nosso alcance.” Isaac D´Israeli, 1834

 

 

 

A águia empurra gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho. Seu coração maternal se acelera com as emoções conflitantes, ao mesmo tempo em que ela sente a resistência dos filhotes aos seus persistentes cutucões: “Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?”, ela pensou. Esta questão secular ainda não estava respondida para ela....

 

 

 

Como manda a tradição da espécie, o ninho estava localizado bem no alto de um pico rochoso, nas fendas protetoras de um dos lados dessa rocha. Abaixo dele, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes. “E se justamente agora isto não funcionar?”, ela pensou.

 

 

 

Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão maternal estava prestes a se completar. Restava ainda uma tarefa final.... o empurrão.

 

 

 

A águia tomou-se da coragem que vinha de sua sabedoria interior. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósito para sua vida. Enquanto eles não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio que é nascer uma águia. O empurrão era o maior presente que ela podia oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor. E então, um a um, ela os precipitou para o abismo... e eles voaram!

 

 

 

Voar em alturas sublimes, nada de escavar à procura de vermes, nem de esgaravatar em busca de insetos, como galinhas num galinheiro, mas voar bem alto como uma águia poderosa... vivendo acima da mediocridade, recusando-se a permitir que a maioria estabeleça seus padrões. Ser diferente de propósito. Mirar alto. Voar em alturas sublimes não é coisa que advém naturalmente – você o sabe – tampouco é fácil. Contudo, pode acontecer, creia-me.

 

 

 

Já faz muito tempo que a mediocridade tenta fazer-nos obedecê-la! Já faz muito tempo que damos atenção aos que nos perguntam: “Por que ser diferente?”, ou que racionalizam: “Vamos fazer apenas o mínimo exigido”. Já faz muito tempo que concordamos em dar menos do que o melhor de nós, e ficamos convencidos de que a qualidade, a integridade e a autenticidade são virtudes negociáveis.

 

 

 

Você pode chamar-me de sonhador, se quiser, mas estou convencido de que a realização de nosso potencial integral ainda é um objetivo que vale a pena exigir o ótimo, ainda que a maioria boceje e alguns zombem de nós. Afirmo tudo isto, ainda que, de vez em quando, eu não alcance meus objetivos. Lembre-se de que o erro não está no insucesso.

 

 

 

De certo modo, penso que não estou a sós. Embora possa não existir milhões de pessoas que pensem assim, é certo que existem algumas. E é provável que você esteja entre estas, porque de outra forma você não estaria lendo este “artigo”.

 

 

 

Assim, cara águia companheira, levantemos vôo! Quando houvermos terminado este vôo, teremos firmado um compromisso inédito com uma vida de excelência em tudo. Estaremos tão encorajados que duvido que possamos sentir-nos satisfeitos em viver nas adjacências da mediocridade outra vez. E por que deveríamos satisfazer-nos lá embaixo? É lá que a vida fica insossa, maçante, previsível e cansativa. Talvez a palavra que a descreva melhor seja entediante, o resultado direto da mira baixa. Ergamos nossos olhos e miremos tão alto que possamos começar a fazer aquilo para que Deus nos criou: um vôo sublime.

 

 

 

Há milênios a águia tem sido respeitada pela sua grandeza. Existe algo inspirador na graça impressionante de seu vôo, em sua magnífica envergadura, em suas garras poderosas. Ela plaina sem qualquer esforço em altitudes, insensíveis aos ventos turbulentos que sopram como chicotadas por entre as fendas das montanhas. As águias não voam em bandos e tampouco se conduzem irresponsavelmente. Por serem fortes de coração e solitárias, representam qualidades que admiramos.

 

 

 

Certamente você está ciente do fato de que o estilo de vida semelhante ao da águia não ser barato. Custa caro ser diferente, especialmente quando a maioria está satisfeita em misturar-se e permanecer como maioria. Não há ímãs na terra mais poderosos, do que a pressão exercida pelos medíocres. Embora todos nós tenhamos apenas uns poucos anos para viver neste pequeno planeta, são raras as pessoas que tomam a decisão de desprezar a “média” e lutar contra a atração forte dos ímãs medíocres. Enfrente o fato – a tarefa é dura! É como diz o velho provérbio “É duro alçar vôo altaneiro, sublime, quando estamos rodeados de tantas galinhas!”

 

 

 

Pense nisso.

 

 

 

“Já vi cavaleiros de armadura entrarem em pânico à primeira vista da batalha. Vi um humilde escudeiro desarmado arrancar uma lança de seu próprio corpo para defender um cavalo agonizante. A nobreza não é um direito inato; ela é definida pelos atos da pessoa.” (Kevin Costner como Robin Hood, em Robin Hood, o príncipe dos ladrões)

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