quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Não Desista




"O vôo até a lua não é tão longo. As distâncias maiores que devemos percorrer estão dentro de nós mesmos".
Charles de Gaulle


Vôo sublime, elevado, não acontece por acaso. É
resultado de um esforço mental árduo - é preciso que a pessoa pense com clareza, com coragem e muita confiança. Jamais alguém deslizou para fora da mediocridade à maneira de uma lesma preguiçosa. Todos quanto conheço, modelos de alto nível de excelência, ganharam a batalha da mente e mantém cativos seus pensamentos corretos.

Entretanto, há riscos; estes indivíduos escolheram cumprir o papel de uma pena ativa da qual flui a tinta, em vez de um passivo mata-borrão, onde se assenta e absorve o que os outros realizaram; decidiram intrometer-se pessoalmente com a vida, em vez de acomodar-se, franzir a sobrancelhas e ficar observando a vida ir minguando, tornar-se um regato e, finalmente, estagnar-se.

O mundo está cheio de pessoas que desistem facilmente. Ficam sentados, de braços cruzados, carrancudas, de olhar cético. Têm determinação efêmera. Suas frases favoritas são: para que tentar?...Vamos desistir... Não podemos fazer isto... Ninguém consegue realizar coisas assim.

Elas perdem a maior parte da ação, para não mencionar o divertimento! Decoram as regras, mas suas mentes fechadas para as possibilidades novas, criativas. À semelhança de ratos de esgoto, o mundo delas limita-se a um diâmetro apertado, feito de "não vou fazer, não vou conseguir, não posso, desisto".

Contudo, de vez em quando, tropeçamos em algumas pessoas de espírito cheio de vitalidade, que decidiram não viver nos pântanos do "statu quo", pessoas que não fugiram do medo de ser diferentes, embora os outros sempre venham a dizer: "Isso não pode ser feito". Os que miram alto são águias de vontade forte que se recusam a ser perturbados pelo negativismo e ceticismo da maioria. Jamais usam frases: "é melhor a gente não desistir!" São exatamente as mesmas pessoas que crêem que a mediocridade deve ser enfrentada. Essa confrontação inicia-se na mente - o canteiro germinal de possibilidades ilimitadas, infinitas.

Contam que certo homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede. Foi quando ele chegou a uma casucha velha - uma cabana desmoronando, sem janelas, sem teto, batida do tempo. O homem perambulou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desértico. Olhando ao redor, viu uma bomba a cinco metros de distância - uma velha bomba de água, bem enferrujada. Ele se arrastou até ali, agarrou a manivela e começou a bombear, a bombear, a bombear sem parar. Nada aconteceu.

Desapontado, caiu prostrado para trás. E notou que ao seu lado havia uma velha garrafa. Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó e leu um recado que dizia: "você precisa primeiro preparar a bomba com toda a água desta garrafa, meu amigo. P.S.: faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir."

O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele se viu em um dilema. Se bebesse aquela água, poderia sobreviver. Mas se despejasse toda aquela água na velha bomba enferrujada, talvez obtivesse água fresca, bem fria, lá do fundo do poço, toda a água que quisesse. Ou talvez não.

Que deveria fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar vir a ter água fresca, fria, ou beber água da velha garrafa e desprezar a mensagem? Deveria perder toda aquela água, na esperança daquelas instruções pouco confiáveis, escritas não se sabe quando?

Com relutância o homem despejou toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear e a bomba pôs-se a ranger e chiar sem fim. E nada aconteceu! E a bomba foi rangendo e chiando. Então, surgiu um fiozinho de água; depois um pequeno fluxo e, finalmente, a água jorrou com abundância! Para grande alívio do homem, a bomba velha fez jorrar água fresca, cristalina. Ele encheu a garrafa e bebeu dela, ansiosamente. Encheu-a outra vez e tornou a beber seu conteúdo refrescante.

Em seguida, voltou a encher a garrafa para o próximo viajante. Encheu-a até o gargalo, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota: "Creia-me, funciona. Você precisa dar toda a água, antes de poder obtê-la de volta".

As pessoas que se arriscam a viver assim, verdadeiramente alcançam vôo elevado, sublime. Vivem acima da mediocridade.

Sugestão para Leitura:
ROBBINS, Anthony - Giant Steps

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